História

 

A "Herdade da Ninha de Ribamar" é referida numa carta de concessão emitida no Reinado de D. Afonso III, no século XIII, ano de 1254.

No Reinado de D. Dinis foi esta Herdade doada a um dos seus leais servidores como prémio pelos serviços prestados.

Nos séculos XVII e XVIII esta Herdade começou a ser designada de Casal Grande e Quinta do Casal Grande de Ninha e/ou Linha Velha, sendo esta última designação que parece estar nas origens do topónimo de Linda-a-Velha, segundo surge, pela primeira vez, em documentos do século XIX.

No ano de 1750 foi esta Herdade doada a Alexandre de Gusmão, Secretário Particular do Rei D. João V, que ali construiu um Solar. Tendo morrido no ano de 1753, supõe-se que nem sequer chegou a habitá-lo. Assim, de herdeiro em herdeiro, de família em família o Solar acabou nas mãos dos Senhores Viscondes de Rio Seco.

Em pleno século XX, na década de sessenta, este Solar foi adquirido pelo Sr. Dr. Mário Júlio da Cunha Gonçalves. Seguindo-se uma restauração profunda, modernizou o Solar, mantendo, contudo, grande parte dos alicerces e a lindíssima Capela em Honra de Nossa Senhora do Rosário que conserva ainda o majestoso altar de madeira policromada da segunda metade do século XVIII. Este é o atual Palácio dos Aciprestes, o nosso ex-libris de que todos nos orgulhamos.

Linda-a-Velha é uma povoação bastante antiga, supõe-se que com mais de 750 anos, localizada num lugar alto, o que a enobrece, com uma vasta panorâmica do mar e da Serra de Carnaxide onde se vislumbram vestígios de um vulcão. É uma terra que tem história, proto-história e até pré-história. No início do século XVIII Linda-a-Velha possuía cerca de 25 habitações e algumas quintas e casais que produziam o suficiente para abastecer a cidade de Lisboa com produtos hortícolas, boas frutas, animais de criação e até caça.

Linda-a-Velha, antiga Freguesia de São Romão de Carnaxide e do Distrito de Lisboa é um planalto de altitude média de 100 metros onde o ar puro corre livre e sadio, onde os doentes do físico procuravam a cura e os sãos de bom gosto e pouco dinheiro procuravam viver.

Tinha distribuição de correio de porta a porta (também não eram assim tantas), Farmácia, uma Fábrica de Camisas de Camisaria Moderna que funcionava sob a orientação de José Pereira da Costa, cujo nome consta do seu topónimo, salão dançante e de representação (o velho Grémio) já na altura com palco rotativo e mais tarde a Academia Recreativa.

À entrada da povoação na meia laranja (inexistente) a bela Quinta dos Aciprestes. À esquerda, e um pouco adiante existe a Capela de Nossa Senhora do Cabo com o seu adro, mandada construir pelo povo no ano de 1780 após peditório público, a partir de uma pequena ermida construída no ano de 1763 pelo Padre António Xavier Ligeiro daqui natural e que, nos finais de vida, voltou à terra doente e aqui morreu. Do outro lado da estrada, e como continuação do adro, há uma praça com o seu Coreto em alvenaria construído no ano de 1876, fruto de peditório, tendo sido oferecido pelo almirante Policarpo de Azevedo filho do 3º Visconde de Rio Seco, então residente no velho Solar dos Aciprestes.

É ainda de referir o velho Chafariz construído no ano de 1821, no sítio onde havia uma pequena bica. A mina tem 80 palmos e o encanamento 200, tendo a obra importada em 2.655,590 reis, conforme refere Velhoso de Andrade na sua memória sobre Chafarizes de 1851. Não era este Chafariz a única fonte de abastecimento de água do povo pois havia mais dois poços públicos, poços cobertos com bomba na Estrada do Carrascal (atual Avenida 25 de Abril de 1974). O Chafariz seria mais para os animais se dessedentarem. Era normal nos finais dos dias verem-se ali os ovinos e os bovinos a beber água, animais que pertenciam aos grandes lavradores desta terra. Depois era também este Chafariz que servia de abastecimento de água aos diversos tanques de lavagem de roupa... e quantas histórias ali foram vividas!

Era assim Linda-a-Velha antes do ano de 1955, altura em que a construção surgiu de todos os cantos possíveis e imaginários, trazendo o progresso.

A aldeola pitoresca, pacata e de ar sadio deu lugar à linda Vila de Linda-a-Velha

Curiosidades: A Lenda de Linda-a-Velha